quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

saí cedinho, tinha passado a tarde em formação, meti-me no carro, falei com a mana-maior e com a super-mãe, contei-lhes dos planos para aquele fim de tarde, dos presentes que ia comprar, e descrevemos umas às outras o que iriam ser os fins de semana. A mana ia seguir dali a nada para o frio da Sortelha e eu na manha seguinte para um fim-de-semana romantico na Lousã. A super-mae tinha a rotina dela preparada e despedimo-nos até amanha. fim dos telefonemas estou a entrar no Allegro cheia de vontade de comprar presentes.

estaciono perfeitamente à porta.

entro na Fnac e toca o telefone. A mae e desliga. "acabámos de falar, que será agora?" Continuo a olhar para o telefone à espera que a chamada volte. Oiço a mana maior. eram 17h26.

Adivinhei a noticia, pensei friamente, só queria chegar a setubal e aos braços da minha mae em segundos. nao me lembro do caminho que fiz, lembro-me que havia muito transito, fiz o caminho até casa ao telefone a tentar acalmar a minha mãe, acertei pormenores com a mana-maior e antes das 20h estavamos as duas a dar o ultimo beijinho à minha Avó. Deitadinha em casa ainda estava quente. a minha mae tratava dos pormenores com um senhor engravatado, vestida de preto da cabeça aos pés. Os olhos brilharam quando nos viu e eu antecipei-lhe anos de velhice. a minha mae envelheceu naquele dia, naquele preciso momento. a minha mãe ficou sem mãe.

Decidi que nunca mais ia regressar ao Allegro. nunca. como se ele tivesse alguma culpa, mas eu nao queria lá voltar. foram 5 minutos que lá passei, mas nunca mais na vida os queria repetir.

Esta 2ª feira, saí cedinho, meti-me no carro e guiei até ao allegro. Sozinha. Estacionei exactamente no mesmo sitio, entrei na mesma porta, subi as mesmas escadas rolantes e entrei na Fnac. O telefone não tocou, eu não estremeci (nao há mais más noticias que se possam receber) e, naquele cantinho onde 10 dias antes atendi o telefone e reagi de cabeça fria, desabei o coração e sem querer chorei tudo o que naquele dia engoli. chorei tudo. ali. no cantinho entre guias de viagem e agendas. como se aquele sitio tivesse alguma culpa. Mas limpei a alma e senti-me pronta para enfrentar todas as dores e todos os obsctaculos. ultrapassei mais um papão.

sei que tenho uma estrela no céu!

*

3 comentários:

Mónica disse...

Como te entendo....

Um Beijo Muito Grande e Força...

nat disse...

um beijinho grande*

Eu disse...

Oh minha querida, e eu só vi isto hoje... :(
E revivi tudo outra vez.
Ainda me custa a acreditar e ainda tenho a mesma reacção de total incredulidade quando me ouço, na minha cabeça, as palavras da mãe naquele telefonema. E imagino que ainda vá ser assim por muito tempo.
Talvz por isso o meu telefone tenha morrido no mesmo fim-de-semana. Recusou-se a cooperar com mais más notícias.
Um beijinho muito grande.